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5 perguntas para Mariam Topeshashvili, head do Rappi Turbo no Brasil

Startup colombiana com operações no Brasil desde 2017, o Rappi ganhou notoriedade ainda maior no país ao prometer entregas em até 10 minutos. Uma das responsáveis por impulsionar a eficiência logística da startup e dar forma ao Rappi Turbo, como foi chamado o serviço, é Mariam Topeshashvili, empreendedora que nasceu na Geórgia e chegou ao Rio de Janeiro ainda na infância.

Quase tão rápida quanto a entrega do aplicativo foi a ascensão profissional de Mariam. Aos 25 anos, ela é head de dark stores do Rappi e uma das palestrantes confirmadas no BWoman, evento de liderança feminina e empreendedorismo que será realizado no dia 1º de junho, em São Paulo. 

Neste aperitivo do que os convidados encontrarão no BWoman, trazemos um bate-papo com Mariam Topeshashvili, que compartilhou suas visões sobre inovação, diversidade e a liderança feminina como fator decisivo para o sucesso das empresas. Confira!

BWOMAN PVC BHUB

BHub: Sua família fugiu de conflitos políticos na Geórgia e enfrentou uma série de dificuldades na chegada ao Brasil. Sua trajetória é um exemplo de como a diversidade de pessoas pode enriquecer o dia a dia de uma empresa?

Mariam: Com certeza. Eu trago comigo uma paixão por diferentes perspectivas e o conceito de não só coexistência como empatia no ambiente de trabalho. Cresci numa mistura de idiomas e culturas: em casa só se falava georgiano e se agia de acordo com as tradições de um país que fez parte da União Soviética por mais de 5 décadas. Fora de casa, a cultura era liberal e só se falava em português. Isso me ensinou a olhar para além das ações e tentar sempre entender as motivações por trás do que as pessoas fazem e de como essas coisas são feitas.

Visões distintas e até mesmo conflitantes são fundamentais para o sucesso de uma empresa. No entanto, para compartilhar essas perspectivas, as empresas precisam criar um ambiente propício, seguro e convidativo para opiniões diversas. Eu sinto que esse é o principal desafio de muitas empresas hoje. Temos pessoas com pensamentos diversos, mas elas não compartilham esses pensamentos com todos devido à falta de incentivo.

BHub: O número de mulheres em cargos de liderança, historicamente, sempre foi menor em relação aos homens. E hoje você tem o status no Rappi de executiva-prodígio. Como foi chegar tão cedo a esse patamar?

Mariam: Eu me vejo como uma empreendedora nata. Executiva-prodígio não seria o termo que eu utilizaria. Vou explicar a diferença: dia desses, cobrei uma tarefa do nosso coordenador de ready to eat. Precisávamos fazer algumas alterações nas fotos de pratos quentes no botão de Turbo. Ele me contou que já tinha pedido para nossa pessoa de catálogo, mas que havia um backlog grande. O que eu fiz? Abri o Photoshop e eu mesma fiz as edições que precisávamos durante o call, para que adiantássemos esse fluxo. Ele brincou, dizendo: “minha chefe também é minha analista!” Para mim, isso deveria ser o normal em qualquer empresa: se você tem o skillset e o tempo, você precisa ser proativo e resolver o problema. 

Eu cresci com isso muito claro na minha mente. Desde pequena eu empreendo, seja vendendo bebida na praia com o meu pai, seja vendendo crochê na escola. Nesse sentido, as condições nas quais cresci é que me trouxeram para esse patamar no qual estou hoje, e ainda há muito mais coisas que eu gostaria de alcançar.

BHub: O Rappi criou uma iniciativa para apoiar as mulheres empreendedoras. Hoje, as mulheres são donas de 40% das micro e pequenas empresas. O que falta para esse número ser ainda maior?

Mariam: Acho que faltam mais mulheres não somente ocupando posições de liderança, mas ativamente contando sobre suas jornadas e compartilhando as dificuldades enfrentadas na trajetória. O que sinto é que por mais que estejamos em posições de liderança, continua não parecendo uma trajetória fácil de trilhar. E não é. Mas desmistificar a jornada também faz parte de facilitar o acesso. Eu faço questão de contar como cheguei até aqui e sempre incentivo outras mulheres a relatar os desafios que enfrentaram na jornada. Destaco que elas superaram todos esses obstáculos e que essas experiências as tornaram líderes mais fortes.

BHub: O Rappi Turbo nasceu depois da aquisição de uma startup, a Avocado, empresa que teve você como co-fundadora. Como tem sido seu desafio para trazer mais eficiência logística ao setor em que o Rappi está inserido?

Mariam: A Avocado nasceu com o intuito de entregar um nível de eficiência operacional superior ao de marketplaces. A ideia se baseava na premissa de que não se precisava de um supermercado tradicional (gôndolas de metal, caixas, espaço de estacionamento, espaço pra trade) para fins de picking para o delivery. Assim, definimos que operaríamos com dark-stores: galpões com o espaço altamente otimizado e com um sistema operacional que diz ao operador exatamente onde está cada produto pedido pelo cliente, quantas unidades daquele produto ainda temos no sistema e qual a melhor rota para fazer o picking em loja. Com isso, as dark stores otimizam não só o tempo mas o nível de serviço entregue ao cliente final. 

O desafio é gigante, principalmente pela rapidez de expansão. Começamos com uma cidade e cinco dark-stores no início do ano passado, e hoje já estamos com aproximadamente 120 espalhadas por 13 cidades – com uma primeira milha envolvendo parceiros diferentes em cada uma delas. 

BHub: Você tem uma vivência internacional muito forte. Quando falamos em diversidade e inclusão e comparamos o Brasil a outros países mais desenvolvidos, ainda há um longo caminho para percorrer?

Mariam: Nos últimos anos, tenho visto uma ênfase muito grande por muitas empresas em prol da diversidade no Brasil. O que acho que ainda falta é essa distinção entre diversidade e inclusão por aqui. Não adianta só fomentarmos diversidade na base. Precisamos ativamente recrutar e desenvolver pessoas para posições de liderança e desmistificar o preconceito de que não existe gente altamente qualificada em qualquer grupo social. O que vejo em maior grau lá fora são empresas que levam a sério programas de mentoria para engajar e encorajar a diversidade como algo desejável em qualquer patamar.


Gostou do papo com Mariam e quer ter a oportunidade de ouvir outras empreendedoras de destaque? Não deixe de comparecer ao BWoman, que terá sua primeira etapa em São Paulo, no dia 1º de junho. No dia 22 do mesmo mês, será a vez de Belo Horizonte receber o evento. 

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