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Quando o exit é redenção: aprendizados do CEO da BHub

Quem olha de fora, pensa que empreender é fácil e o retorno financeiro vem dentro de poucos meses. Mas a realidade é outra. É preciso ter muita persistência e entender que o caminho não é tão linear quanto falam por aí. Jorge Vargas Neto, fundador e CEO da BHub, desmistificou esse pensamento no Videocast Ventures, da plataforma de conteúdos sobre inovação Snaq.

Em um papo com os sócios da Fisher Venture Builder, Amanda Graciano e Pietro Bonfiglioli, o executivo contou sua história como empreendedor e a verdade por trás de seus dois exits.

Com 24 anos, recém formado em direito e estagiando no Pinheiro Neto Advogados, Jorge percebeu uma movimentação de novos clientes no escritório. As fintechs começavam a dar as caras não somente no ecossistema de startups. O primeiro negócio deste segmento atendido por eles foi o Nubank. 

“Eu pensava ‘esse pessoal é meio louco’. Eu não entendia como eles queriam brigar com o Itaú e com o Bradesco”, comentou Vargas. Mas, convivendo com esses empreendedores fora da curva, o mineiro descobriu sua paixão pelo empreendedorismo. 

Foi então que ele pediu ajuda a Bruno Balduccini, seu mentor no Pinheiro Neto, para regularizar, perante o Banco Central, as atividades que pretendia exercer. Assim, surgiu sua primeira empresa: a Biva.

Primeiros cofundadores

Para ajudar na estruturação da startup, Jorge chamou Eduardo Teixeira, fundador e CEO da Noverde, e Paulo David, fundador e CEO da AmFi. Ambos também tinham o desejo de empreender em intermediação de crédito. 

O primeiro investidor que conseguiram para a Biva foi ninguém menos que David Vélez, do Nubank. No entanto, as coisas começaram a desandar. 

“Éramos muito novos e não tínhamos o estofo para entender como montar uma empresa. Crescemos errado e o Eduardo saiu em seis meses”, contou Vargas. De acordo com ele, estavam garantindo um retorno de 40% do dinheiro e, assim, a margem de lucro ficava muito pequena. 

Naquela época, havia cerca de 40 fundos de venture capital e não conseguiram captar investimento com nenhum deles. A única saída foi fazer o exit para a PagSeguro. “Como éramos pioneiros nessa área, éramos um dos poucos targets possíveis de serem adquiridos. Para a PagSeguro, fazia muito sentido por causa de nosso motor de crédito e nossa tecnologia”, explicou Jorge.

Uma redenção 

O momento de assinar a venda da Biva foi descrito por ele como “uma verdadeira redenção”. “Estávamos quase fechando uma rodada de série A com dois dos principais fundos do Brasil. No final, eles acabaram desistindo de investir. E entendo perfeitamente. Eu não estava preparado naquela época. Mas quase quebramos”, contou. 

De 28 funcionários, precisaram reduzir para seis. Não havia mais dinheiro no caixa para arcar com as dívidas feitas, mas, mesmo assim, ele acreditava no que tinha criado. “O produto que tínhamos era inovador. Afinal, éramos pioneiros no mercado. Vejo esse exit como um reconhecimento”, disse.

Segundo negócio 

Os momentos de baixa e os erros cometidos no primeiro negócio fizeram com que Jorge aprendesse a empreender. Por isso, logo depois da venda da Biva, já correu atrás para criar sua segunda empresa: a Zenfinance. 

“Eu estava muito mais preparado. Montamos um time muito mais complementar”, falou. A fintech de serviços de embedded finance – ou seja, integração de serviços financeiros a soluções de companhias de outros segmentos – teve um crescimento interessante, mas não contavam com os desafios da pandemia de covid-19.

“Fomos forçados a procurar novamente possíveis compradores para vender a empresa”, disse Jorge. A Zenfinance teve então seu exit feito para o Rappi. “A Zen foi uma espécie de acelerador para colocar o RappiBank de pé”, acrescentou. 

Quando perguntado sobre a diferença entre a primeira e a segunda venda, o CEO da BHub contou que, no caso da Zenfinance, foi uma “operação de resgate”, mas que ele diria que foi uma “saída honrosa”.

Desburocratizando a vida dos empreendedores

Dois exits depois, Jorge conheceu a Pilot, startup que oferece serviços de backoffice para pequenas empresas dos Estados Unidos. Ele enviou um e-mail para Waseem Daher, o homem por trás desse negócio, e trocaram figurinhas. Os dois executivos tinham muito em comum.

Vargas, inspirado para empreender novamente, resolveu fazer uma entrevista com centenas de empreendedores. Descobriu assim que uma dor era sentida por todos eles. Ninguém queria lidar com as burocracias das suas empresas. 

“O Brasil é um país muito difícil de fazer negócio. Tanto empreendedor quanto contador têm que lidar com uma série de sistemas e atividades diferentes que não se conectam”, comentou. 

Disso, veio a ideia de criar um novo modelo de negócio: a gestão por assinatura. Com ajuda de Fernando Ricco, Marcelio Leal e Vanessa Muglia, nasceu a BHub. Atualmente, os cofundadores são também CFO, CTO e CLO, respectivamente. 

“É um outsource completo de todo o backoffice da empresa. Fazemos contas a pagar, contas a receber, a parte de DP, a contabilidade. Entregamos tudo isso dentro de uma ferramenta de BI, o Hub do Empreendedor”, explicou Jorge. 

Com os serviços da BHub, os gestores têm acesso a todas as informações relevantes sobre a empresa de forma fácil e em tempo real. O melhor de tudo é que o valor é acessível e a comunicação omnichannel é muito rápida. 

“2021 foi um ano muito bom para captar investimento. Nosso timing foi muito bom”, resumiu Jorge.

Dicas de sucesso

Viciado em empreender, Vargas disse: “Ser um empreendedor é complicado. Elon Musk diz que empreender é que nem comer vidro. O problema é que você começa a gostar do gosto”.

Ele apontou alguns fatores importantes para colocar um negócio de pé. De acordo com ele, é preciso ser realista, planejar todos os seus passos e construir relacionamentos bons. Mas concorda que somente isso não é o suficiente.  “A realidade é difícil. Você vai errando melhor”, brincou. 

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